Como transformar sua advocacia depois dos 30 e sair da segurança do salário para a liberdade da carreira própria
Na advocacia, o salário fixo traz conforto, mas não liberdade.
PRÁTICA JURÍDICA
Dr. Gabriel Azevedo
8/17/20257 min read


Chegar aos 30 na advocacia costuma trazer um misto de conquistas e inquietações. De um lado, você já tem experiência, entrega resultados, conhece bem a rotina de um escritório e recebe seu salário todo mês. De outro, uma sensação insiste em aparecer: “Não é essa advocacia que eu sonhei quando comecei a faculdade.”
E, acredite, você não é o único a sentir isso. Grande parte dos advogados brasileiros trabalha em escritórios de pequeno e médio porte, muitas vezes como empregados ou associados, sem autonomia real sobre clientes ou decisões estratégicas. Ao mesmo tempo, pesquisas mostram que a maioria dos jovens advogados tem o desejo de abrir o próprio escritório ou atuar de forma independente em algum momento da carreira.
O que trava essa mudança? Quase sempre é o medo. Medo de perder a segurança do salário fixo. Medo de dar um passo maior e não ter como voltar atrás. O pensamento é comum: “prefiro o certo do que o incerto da advocacia autônoma.”
Mas precisamos ser honestos: esse “certo” não é tão seguro quanto parece. Seu salário depende de terceiros; dos sócios, da política do escritório, até da economia. Se a equipe encolhe, você pode ser o próximo da lista. E o mais duro: todo o valor que você gera, todo o seu talento e energia, acabam fortalecendo a marca de outra pessoa e não a sua.
Trabalhar como advogado empregado pode, sim, trazer conforto. Mas também pode ser uma prisão disfarçada. É como tomar um remédio para emagrecer e acreditar que só por estar tomando já vai resolver o problema. Enquanto usa, parece funcionar. Mas, quando para, tudo volta de novo porque o problema de fundo continua lá.
Já a advocacia autônoma é diferente. Ela se parece muito mais com fazer dieta e se exercitar. No começo é lento, exige disciplina e pode dar a sensação de que os resultados demoram a aparecer. Mas, quando você pega ritmo, a mudança é sólida, consistente e duradoura.
E o melhor: não tem teto. O limite passa a ser o quanto você está disposto a investir em si mesmo.
E é nesse momento da vida, depois dos 30, que muitos começam a se perguntar:
“Será que eu continuo nesse caminho seguro, mas limitado, ou crio coragem para dar o próximo passo rumo à minha autonomia?”
A boa notícia é que essa decisão não precisa ser um salto no escuro. Com planejamento, estratégia e serviços bem estruturados — principalmente aqueles que não dependem só do Judiciário, como consultoria e atuação preventiva — é possível sair da dependência do salário fixo e construir uma advocacia livre, sustentável e lucrativa.
Nos próximos pontos, vamos conversar sobre como transformar esse medo em combustível e dar passos reais rumo a uma carreira que te traga não apenas retorno financeiro, mas também liberdade e propósito.
1. A falsa sensação de segurança
O salário fixo parece estabilidade. Todo mês cai na conta, e isso traz um certo alívio: contas pagas, rotina organizada, vida previsível.
Mas essa segurança é, na verdade, muito mais frágil do que parece.
Pense comigo:
O seu salário depende das decisões de outras pessoas — dos sócios, da gestão do escritório, da política interna que pode mudar de uma hora para outra.
Se o escritório perde clientes ou resolve “enxugar” a equipe, você não controla se vai continuar ou não.
E o mais duro de tudo: o valor que você gera com o seu trabalho não fortalece a sua marca, fortalece a marca de alguém.
É como morar em uma casa alugada. Você pode arrumar a casa, decorar, deixar tudo bonito… mas no fim, ela não é sua. Basta o dono decidir que quer de volta, e você precisa sair sem poder fazer nada.
Segurança de verdade não está em depender do contra-cheque que outro decide pagar. Segurança real está em construir uma carreira que se sustente pelas suas próprias mãos — com clientes que confiam em você, serviços que geram receita recorrente e uma marca que é sua.
Essa é a diferença entre viver à mercê de decisões externas e assumir o controle do seu futuro na advocacia.
2. O que significa liberdade na advocacia
Quando se fala em “liberdade na advocacia”, muita gente imagina viver sem pressão, sem prazos ou com a agenda totalmente vazia. Mas não é disso que estamos falando.
Liberdade, na prática, tem outro significado. É poder escolher os rumos da sua própria carreira. É ter autonomia para decidir quais clientes atender, em quais causas acreditar e como organizar o seu dia sem depender de ordens de terceiros.
Liberdade também é financeira, mas não no sentido de ganhar milhões do dia para a noite. É poder criar fontes de receita que não dependam só de processos judiciais. É ter previsibilidade de caixa, saber que no próximo mês você não vai começar do zero.
E existe ainda um ponto que pouca gente fala: liberdade de propósito. Porque quando você é empregado, muitas vezes precisa defender uma linha de atuação que não reflete os seus valores ou o tipo de advocacia que você gostaria de exercer. Na advocacia autônoma, você constrói uma marca que carrega a sua identidade.
Claro, liberdade não significa ausência de esforço. Muito pelo contrário. Significa disciplina, responsabilidade e clareza de onde se quer chegar. Mas existe uma diferença enorme entre trabalhar duro para construir o sonho de alguém… e trabalhar duro para construir o seu.
No fim das contas, liberdade na advocacia é isso: ter controle sobre o caminho, a segurança de escolher o destino e a satisfação de saber que a jornada é sua.
3. Como iniciar a transição sem pular no escuro
É aqui que muitos travam. A vontade de sair do emprego é grande, mas a incerteza pesa: “E se eu largar o salário fixo e não conseguir clientes? E se não der certo?”
A primeira coisa a entender é: não existe transição mágica, mas também não precisa ser um salto no escuro. A autonomia pode (e deve) ser construída em etapas, de forma segura e planejada.
Passo 1 — Monte sua reserva de segurança
Antes de qualquer movimento, garanta um colchão financeiro. O ideal é ter de 3 a 6 meses das suas despesas pessoais guardados. Isso dá tranquilidade para iniciar sua advocacia sem o peso do desespero, com espaço para testar, errar e ajustar.
Passo 2 — Descubra seu nicho e sua proposta de valor
Não tente abraçar todas as áreas. Pergunte a si mesmo:
Em quais temas eu tenho mais domínio ou afinidade?
Que dores reais do mercado eu já conheço?
Como eu posso oferecer algo preventivo, consultivo e recorrente, que não dependa só de processos?
Exemplo: revisão contratual, Compliance trabalhista, adequação à LGPD, consultoria preventiva para pequenas empresas, consultoria imobiliária, entre outros.
Passo 3 — Comece paralelo ao emprego
Você não precisa largar tudo de uma vez. Enquanto ainda está no escritório, pode:
Criar autoridade digital com conteúdo educativo (dentro dos limites éticos).
Atender pequenos casos de forma autônoma.
Estruturar pacotes consultivos simples para testar a aceitação do mercado.
Passo 4 — Construa autoridade, não apenas portfólio
No mercado atual, clientes não contratam só pelo currículo, mas pela confiança que sentem em você. E essa confiança nasce da sua presença constante: escrevendo, falando, orientando e mostrando que sabe o que faz.
Passo 5 — Transição gradual
Quando sua advocacia paralela já gera uma base mínima de receita, e sua reserva está pronta, você pode negociar a saída do emprego. Isso não será um salto… será apenas uma mudança de fase, fruto de preparação.
A grande verdade é que a autonomia não começa quando você pede demissão. Ela começa hoje, nas pequenas ações que você já pode implementar, mesmo como empregado. E quanto antes você iniciar esse movimento, mais perto estará de construir a advocacia que deseja viver.
4. O verdadeiro ganho não é só financeiro
Quando a ideia de deixar o emprego começa a rondar a cabeça, a primeira coisa que vem à mente é o dinheiro. É natural. A gente pensa no salário fixo que deixará de cair na conta, nas contas do mês, na previsibilidade que parece confortável. E também surge a expectativa de ganhar mais, de não depender de bônus decididos por sócios ou da política de distribuição do escritório.
Mas aqui está a verdade que poucos falam: o maior ganho da autonomia não é financeiro. É algo muito mais profundo: é ter de volta o controle da sua carreira.
Na advocacia autônoma, você deixa de ser uma peça na engrenagem e passa a ser o arquiteto do próprio caminho.
Você decide quais clientes quer ter ao seu lado.
Você escolhe em quais causas acredita e quer colocar sua energia.
Você define até onde o trabalho invade a sua vida pessoal e quando é hora de fechar o notebook.
E isso muda absolutamente tudo. Porque não se trata apenas de quanto você ganha. Se trata de como você ganha. Do orgulho de olhar para cada contrato assinado e saber: esse resultado carrega a minha marca, a minha identidade. Da sensação de que, a cada dia, o esforço não fortalece o sonho de alguém — mas constrói o seu.
E o curioso é que, quando essa clareza aparece, o dinheiro também aparece. Não de forma imediata, como um prêmio instantâneo, mas como consequência natural de uma advocacia mais consciente, mais bem posicionada e muito mais conectada ao que você realmente quer.
No fim das contas, a autonomia compra algo que salário nenhum pode pagar: a liberdade de alinhar sua carreira com quem você é e com o que você acredita. É trocar o peso da obrigação pela leveza de um caminho que tem sentido.
Finalizando
Chegar aos 30 pode parecer tarde para mudar, mas na advocacia isso é apenas o começo. É justamente nessa fase que você tem bagagem técnica, maturidade e clareza para decidir que rumo quer dar à sua carreira.
Ficar no caminho “seguro” do salário fixo pode parecer confortável, mas é limitado. Construir sua própria advocacia exige coragem, planejamento e disciplina, mas abre a porta para algo que nenhum contracheque pode comprar: liberdade, propósito e controle sobre a sua trajetória.
O medo de perder a segurança nunca vai desaparecer por completo. Mas ele pode ser transformado em combustível para criar uma advocacia mais forte, mais sua e mais conectada com o que você acredita.
No fim das contas, a escolha é simples: continuar construindo o sonho de outra pessoa, ou começar a construir o seu.
Se esse texto fez sentido para você e tocou em algo que você sente na pele, te convido a me acompanhar no Instagram @gabriel.azevedo.adv.
Lá compartilho reflexões, estratégias e passos práticos para transformar a advocacia em um negócio sustentável, lucrativo e livre.
Porque a mudança não começa com um grande salto. Ela começa com um primeiro passo — e esse pode ser agora.
Advocacia Para Além do Terno
Dr. Gabriel Azevedo
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